domingo, 3 de junho de 2012

BELÍSSIMA, MUSICA.. Vento Ventania

BELÍSSIMA, MUSICA.




Terras-raras mais perto da realidade



Terras-raras mais perto da realidadeEstudos que vão indicar áreas promissoras no Brasil serão divulgadas até dezembro

Publicação: 03/06/2012 07:39 Atualização:

Os primeiros levantamentos oficiais sobre o potencial do subsolo brasileiro para disputar o valioso mercado mundial dos metais das terras-raras começam a chegar neste ano às mãos dos investidores. Dados aerogeofísicos e mapas que estão sendo preparados pelos técnicos da CPRM/Serviço Geológico do Brasil, empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, vão indicar áreas promissoras de ocorrência desse grupo de 17 elementos com aplicação nas indústrias de alta tecnologia. Até dezembro, serão disponibilizados os estudos da etapa inicial do projeto, orçado em R$ 4,5 milhões.

Depois da região amazônica, a CPRM, antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, deu início aos levantamentos no estado, informou Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais da empresa. “O Brasil pode participar com áreas promissoras no comércio internacional, mas muito ainda tem de ser feito nessa direção”, afirma. Também foram concluídos os levantamentos de mais de 1 mil amostras de concentrados de minerais coletadas no Quadrilátero Ferrífero – antiga província mineral da Região Central de Minas –, com ocorrências de ferro, manganês, ouro, gemas coradas e terras-raras em 170 municípios.

O potencial geológico será pesquisado em todo o país nos próximos dois anos e meio. Além do Norte do Amazonas, há indícios que já atraem empresas em Araxá e Tapira, no Alto Paranaíba, como a multinacional canadense MBac e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). A Vale informou recentemente ter descoberto a substância em Patrocínio, na mesma região. Informações do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) indicam que Minas detém 39 mil toneladas das 40 mil toneladas de reservas medidas no país, mas ainda não há efetiva exploração. 

No estado, pesquisadores avaliam amostras de sedimentos coletados desde os anos 60 e que podem ser processados para o estudo de terras-raras. O acervo está reunido na Litoteca da CPRM em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e programa está sendo financiado com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Os estudos deverão acelerar iniciativas na área de terras-raras desenvolvidas pela iniciativa privada. A Salomão Empreendimentos Minerais é uma das empresas que busca parceiros. Segundo o dono do negócio, Rômulo Mansur, amostras superficiais estão sendo colhidas em uma extensão de áreas que chega a 28 mil hectares, contemplando 66 requerimentos minerários. Os documentos se estendem aos municípios de Vazante, no Noroeste de Minas; Belo Vale, Moeda e Jeceaba, na Região Central de Minas. “Pretendemos investir em terras-raras, mas o Brasil precisa definir incentivos nessa área”, diz Mansur.

Água mineral mais barata que a da torneira


Água mineral mais barata que a da torneiraCondições do clima e impostos deixam produto com preço até 60% mais alto que a mineral

Sílvio Ribas - Estado de Minas
Publicação: 03/06/2012 07:32 Atualização: 03/06/2012 07:37

A poluição, o crescimento urbano desordenado e as mudanças climáticas estão tornando a água doce do Brasil – recurso no qual o país é líder mundial – a protagonista de uma crescente contradição econômica. Especialistas, empresários e agentes de governo já temem o cenário de um apagão hídrico nas principais regiões metropolitanas até o fim desta década. Além da limitação na oferta, as projeções mostram também uma curiosa perspectiva, que está levando a produção da água bombeada para torneiras a patamar até 60% mais caro do que o das garrafas PET de água mineral. A discrepância vem à tona quando se ignora a classificação, pelo sistema tributário, da água mineral como minério e não como item básico de consumo.

Um dos temas na agenda da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável — a Rio+20 —, que será aberta na semana que vem no Rio de Janeiro, o encarecimento da água potável pressiona hoje o Estado a agilizar investimentos em infraestrutura de saneamento básico e estimula empresas a implementar programas de gestão racional do uso de recursos hídricos. Segundo Sérgio Ayrimoraes, coordenador de pesquisas da Agência Nacional de Águas (ANA), a diferença de valor entre as águas pública e privada decorre de diferentes fatores, sobretudo eventos climáticos extremos (cheias ou estiagem) e a dificuldade cada vez maior em se tratar água de rios, lagos e outras fontes.

A aparente contradição entre o fato de o Brasil ter a maior oferta mundial de água doce e figurar só em oitavo lugar entre os mercados consumidores de água mineral deve-se, por sua vez, ao regime tributário sobre o setor. A Constituição de 1988 deu nova denominação à água, de bem natural para mineral não metálico, levando a carga de impostos a sair da média mundial ainda vigente, de 6,8% sobre o valor cobrado do consumidor, para chegar aos atuais 44,5%. Quase metade do valor pago pelos engarrafados em diferentes formatos vem de tributos federais e estaduais (ICMS), além dos royalties. 

Essa disparada foi motivada  em 1992 também pela mudança da classificação fiscal da água, de alimento, ao lado de sucos e leites, para bebida, no grupo de refrigerantes e cervejas. “Essa alteração do Ministério da Fazenda levou o setor a recolher até o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) apesar de explorar recurso 100% natural. Na Europa, todos os impostos incidentes na água mineral somam 6% e há países, como o México, onde ela é totalmente isenta”, comenta Carlos Alberto Lancia, geólogo e presidente da Associação Brasileira de Indústria de Águas Minerais (Abinam).

Setor também quer isenção


A entidade pressiona parlamentares no Congresso para aprovar projeto de lei que zera a tributação sobre garrafões de 20 litros, sob o argumento de favorecer alternativa de abastecimento em núcleos urbanos sem acesso à água tratada ou onde serviços públicos são precários. Lancia ressalta que a saúde pública e a economia popular seriam beneficiadas com o estímulo do consumo via isenção tributária. “A rigorosa exigência legal de qualidade para as fontes minerais não se aplica à água de torneira”, resume.

Enquanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tolera a presença de bactérias em 5% das amostras das companhias de abastecimento para indicá-las como seguras ao consumo humano, as águas minerais têm de apresentar total ausência de micro-organismos. Outro ponto a favor dos garrafões seria o índice virtualmente zero de perdas na produção, ao contrário dos vazamentos e roubos das redes de abastecimento no país, que levam ao desperdício médio de 37% da água tratada, além de elevar os riscos de contaminação. “Enquanto o reuso de um garrafão de água mineral gasta dois litros na lavagem, a produção de um litro de refrigerante pode empregar até 30 litros de água comum”, acrescenta.

A oferta nacional vai muito além da simples e essencial hidratação, incluindo minerais que ajudam a digestão e fortalecem o organismo. Tais características têm chamado a atenção do setor, que na prática vende serviços e não produtos. É por essa razão que um garrafão de 20 litros, mesmo com impostos, custa em média R$ 7 na porta do consumidor. Na origem, seu custo é de R$ 1, o que dá R$ 0,05 por litro.

Descontados impostos, o equivalente a um galão de 19 litros de água tratada nas grandes metrópoles tende a ficar mais caro que o mineral, se forem considerados todos serviços envolvidos, chegando a R$ 11,20, ou R$ 0,55 o litro. Em 2050, essa diferença pode bater em 300%. Enquanto o garrafão é economicamente sustentável, a água de torneira não é, por envolver longa cadeia de produção, com represas, energia e produtos químicos.

Considerando a média de consumo diário de 150 litros por pessoa, para todos os usos, o sistema gasta mensalmente pelo menos R$ 9 por habitante para levar os 4,5 mil litros de água usados individualmente. Se forem consideradas perdas e investimentos em novas ligações, o valor pode subir para o dobro. “Precisaríamos investir R$ 22 bilhões apenas para proteger bacias e nascentes", comenta o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos.